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27 de Abril de 2024

Site que divulga dados pessoais de brasileiros entra na mira do MPF

Fonedados revela telefones fixo, celulares, endereços e CPF. Especialistas em segurança e direito digitais dizem que site é ilegal.

Publicado por Fernanda Favorito
há 9 anos

Por Helton Simões Gomes Do G1, em São Paulo

Grande parte dos serviços da internet utiliza os dados pessoais ou de navegação de seus usuários, mas um site brasileiro não só despertou a ira de internautas acostumados a essa lógica como entrou na mira do Ministério Público Federal. O site é o Fonedados, com um banco de dados com informações como números de telefone fixo e de celular, endereços e CPF. O mecanismo permite que registros sejam cruzados entre si a ponto de, a partir da pesquisa pelo endereço, ser possível descobrir telefones relacionados a ele.

A advogada cearense Amora Matos Vasconcelos, de 29 anos, acessou, viu informações dela e não gostou. “Uma amiga me informou, tive a curiosidade de ir, colar o meu nome e fiquei abismada com a quantidade de informações minhas lá. Endereço, telefone e até minha idade e CPF”, conta. "É invasivo. É muito impactante saber que qualquer pessoa tem ali acesso à sua vida, até ao seu endereço". Especialistas em segurança e direito digitais ouvidos pelo G1 afirmam que o site é ilegal e que será difícil identificar responsáveis.

Motivada por esse receio, Amora encaminhou em maio deste ano uma reclamação à Procuradoria Geral da República, em Fortaleza. O temor era que suas informações pudessem ser usadas para fins indevidos. Desde então, a PGR-CE recebeu mais dez reclamações de vários estados do Brasil.

Insegurança

Há pessoas preocupadas com os “fins indevidos”, como “fraudes, crimes, envio de SMS não autorizado, sequestros falsos ou reais”, segundo uma denúncia de Curitiba. "A primeira coisa que me passou pela cabeça foi a insegurança de ter os seus dados ali disponíveis para qualquer pessoa utilizar da forma que quiser", diz Amora.

Devido a tantas manifestações, o procurador Alexandre Meireles Marques iniciou em agosto uma investigação preliminar, para reunir informações necessárias à abertura de um processo formal. Em outubro, já acionou a Receita Federal para averiguar se o site já foi alvo de outras denúncias no órgão. Pediu informações a uma área dentro do MPF responsável por assuntos econômicos, para identificar as pessoas por trás do site. Pretende dar início a uma ação civil pública.

'Investigação complicada'

Profissionais acostumados a lidar com ameaças mais sérias como o ciberterrorismo se surpreendem. “Neste nível de informações que o fonedados está entregando, não tenho conhecimento de nada semelhante”, diz o professor doutor Adriano Cansian, coordenador do laboratório de segurança Acme (Ambiente Avançado de Contra-Medidas), da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

O especialista diz que as autoridades brasileiras não terão vida fácil para descobrir quem são os responsáveis pelo Fonedados. Isso porque o site está registrado de forma oculta. “Ele usa um preposto para fazer o registro, chamado ‘domainsbyproxy. Com’, que funciona como uma espécie de ‘procurador eletrônico’ para o qual você paga para ocultar sua identidade real”, explica. O uso desse recurso “torna a investigação complicada e muito cara, tanto do ponto de vista técnico como jurídico”.

Para a advogada Bruna Castanheira, especialista em direito digital, o site parece uma nova versão do “lili. Com” que, em 2007, reunia as mesmas informações de brasileiros na internet. Segundo ela, as pessoas que se sentirem lesadas por terem seus dados publicados no site podem buscar reparação na Justiça: a Constituição Federal determina que é um direito fundamental a inviolabilidade da vida privada. E dependendo de como essas informações foram obtidas, o divulgador deles também pode ser enquadrado. “Caso um funcionário público, por exemplo, tenha sido o responsável por este repasse de informação, estaria configurado o crime de ‘violação do sigilo funcional’”, explica Castanheira.

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28 Comentários

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Que o MPF tome as medidas necessárias. continuar lendo

E rápido pois consultei o meu cpf, o do meu marido e de outros parentes e estão todos lá ... com os dados atualizados. continuar lendo

deixa o site quieto!!!! continuar lendo

é assustador mesmo, mas ter a vida escancarada é o tipo de coisa que ninguém (com menos de 30 anos) se preocupa mais. A internet trouxe este tipo de "invasão" às nossas privacidades e não há nada que possa ser feito - "Deal with it". No meu tempo, falava-se o CPF baixinho ou escrevia no papel para ninguém saber. Coisa de gente velha. Dizer o número do telefone em voz alta: nossa, nem pensar. Mas veio a internet com sua cultura anárquica, onisciente e onipresente e o que aconteceu: as pessoas incorporaram estes valores. Não há necessidade de ter medo de se expor, porque hoje as pessoas nascem se expondo, são agredidas a todo momento na internet, são julgadas por todos, sabem nada do que façam será esquecido - e sabe o que aconteceu? A importância que as pessoas (com menos de 30 anos) dão para isto e a forma como lidam com isto mudou. Este caso parece ser apenas um choque de gerações. Tenho dúvidas se é possível fazer algo malicioso com isto, mas é bem impactante ver isto. Já quanto à "pegarem os responsáveis", "punir", "processar", etc: esqueçam, isto não irá acontecer - e se acontecer, logo surgirão outros sites do tipo. continuar lendo

Daniel, eu concordo com você que, temporariamente, é apenas um choque de gerações.
Porém, falando como alguém que trabalha na área de segurança da informação, isto é apenas temporário. Casos de roubo de identidade estão começando a se proliferar, e isto pode causas prejuizos bastante grandes para as pessoas.
Os grandes vilões nessa história são os bancos, financeiras, lojas e empresas (por exemplo, o Terra e Casas Bahia) que vendem, ou no mínimo repassam, nossas informações adiate. Supermercados que ficam pedindo o seu número de CPF para comprar com cartão. Cheques que já vêm com o número do RG e CPF impressos.
Precisamos de regulamentações mais sérias quando a proteção de informações e, principalmente, punições mais sérias para empresas que cometem esses abusos.
Por último, precisamos de regulamentações sobre retenção de informações. Se eu faço uma compra em uma loja, por quanto tempo ela pode manter meus dados em seus cadastros? Hoje é para sempre.

Ou seja, isso é apenas a ponta do iceberg. continuar lendo

é verdade Rodrigo, nestes casos há a má fé de quem coletou os dados e que não honrou com a palavra de usar apenas para os fins aos quais se propôs. Não é ético pedir informações pessoais para uma coisa e usar para outra, até porque isto poderá causar incômodo nas pessoas (por exemplo receber ligações de terceiros). Em muitos casos é possível ir atrás da fonte do vazamento - bem lembrado. continuar lendo

Concordo com você Daniel, nossa vida esta ficando cada vez mais exposta mas isso é culpa nossa afinal somos as pessoas que você fala, se tem alguém expondo nossas informações é porque tem alguém que as compre. Eu acho que esse site indiretamente foi uma denuncia ao que acontece na Deepweb aonde informações de pessoas são vendidas para vários fins, quanto mais "importante" você é mais dinheiro valem suas informações, esse site só expôs um pouco do iceberg, esse é só um pedaço dele... continuar lendo

Bom, eu não sei qual a dificuldade de achar os PilanTras (esses nem tem um partido político!!!), porque basta usar um utilitário chamado "whois www.fonedados.com.br" que aparece o nome da empresa responsável pelo site, seu CNPJ (é uma EPP) e o responsável chama Alexandra (lá tem o nome completo). Então, se o MPF quer achar a pessoa, basta ver se o site funciona e colocar o nome completo da Alexandra, e achar o telefone dela, endereço e quem sabe até se o nome dela esta no SERASA (huahaha). Tem até o email do responsável. A PF pode passar um email para o responsável intimando seu comparecimento... como aquele vírus que não cansa de bater em nossa conta de email, falando algo parecido. continuar lendo

Você achou o responsável pelo "fonedados.com.br", porque no Brasil os domínios terminados em .com.br precisam de tais dados.

Porém a matéria trata do domínio fonedados.com, que é internacional, e nada tem a ver com o que vc postou. continuar lendo

Tiago,
Verdade. Obrigado pela correção. Provavelmente nos EUAs deve ter algo parecido, que nós não conseguimos ver mas eles lá sabem de quem se trata.
O FBI por exemplo. continuar lendo

Especialistas em segurança e direito digitais ouvidos pelo G1 afirmam que o site é ilegal e que será difícil identificar responsáveis. Mentira eu não sou especialista e descubro isso rapidinho! Para começo de conversa quem montou o espaço e administra a página precisou se identificar,e assim é com todos! Se ele forjou uma identidade o site e todas informações podem ser deletado e acabou! Quero ver um camarada que não existe reclamar seus direitos! continuar lendo

é tecnicamente difícil JC. Não sei especificamente este site, mas se eles forem espertos, pode ser muito difícil identificar ou fechar. Veja o caso do The Pirate Bay - foram anos de investigações, milhões gastos, várias entidades poderosas interessadas em fechá-los (RIAA), uma imensa visibilidade internacional em cima do caso, e ainda assim eles ficaram anos no ar, seus responsáveis não foram punidos e só recentemente acabou - e isto porque os fundadores cansaram de colocar o site no ar sempre que a polícia fechava, eles poderiam continuar para sempre sem problemas. Ou veja então o caso do Silk Road, o maior site de tráfico de drogas do mundo - o responsável só foi preso porque fez uma "burrada monstro" (no caso ele se identificou em um fórum super famoso chamado "StackOverflow"). Tor, VPN, hospedagem em outro país com legislações diferentes, etc - tudo isto impossibilita ou dificulta muito. continuar lendo